31.7.05
xx. o paraíso é uma estância apetecível. mas, como nos ensinam as graves vozes dos monstros em oração, o destino de tudo, de todas as coisas e de todas as criaturas, é a sua origem, o lugar dos nove círculos, o inferno.
tom waits, “everything goes to hell”, in blood money, 2002.
24.7.05
xix. todos nós somos dois, o que somos e o que não somos. para além disso, no que somos, somos a cápsula simultânea do bem e do mal. é por isso que por vezes nos assoma o desejo de termos um irmão gémeo que seja o nosso lado mau, o monstro que nos habita e que não conseguimos honradamente ser.
magnetic fields, “i wish i had an evil twin”, in i, 2004.
17.7.05
xviii. às vezes, o diabo é diabo em figura de gente, disfarçado entre nós, um monstro bonito. charmoso, ele chama-nos e nós,
the smiths, “handsome devil”, in hatful of hollow, 1984.
10.7.05
xvii. sem aviso, desce sobre nós uma espécie de benção ao contrário. como consequência, o diabo carrega-nos sobre as suas costas e, aos saltos e aos pinotes, leva-nos pelo recreio da vida. é quando, sem disso termos consciência, somos levados para um dos mundos dos monstros. este mundo chamado inferno.
nick cave & the bad seeds, “up jumped the devil”, in tender prey, 1987.
3.7.05
xvi. começou a guerra dos mundos. uma mão cheia de monstros entrou neste mundo pela televisão. eram cinco pequenos monstros, exactamente, todos diferentes, ainda assim todos monstros. e tinham um único plano para a ofensiva, socializarem com os humanos-monstro. serem amigos.
iggy pop, “monster men”, in monster men, 1997.
2005/2022 - constantino corbain (alguém por © sérgio faria).