25.6.06
xlvii. vamos envelhecendo. com o passar do tempo, deixamos de saber o paradeiro dos monstros, inclusive o maior deles, o monstro do apelo derradeiro. envelhecemos. deixamos de saber os monstros, deixamos de saber os seus filhos também.
black rebel motorcycle club, “devil’s waitin’”, in howl, red int/red ink, 2005.
18.6.06
xlvi. se protegidos pela distância, porque nos habitam fundo, não é possível aferir com rigor a dimensão dos fantasmas.
deus, “little ghost” in my sister = my clock, island records, 1995.
11.6.06
xlv. fingidos, entre a brasa e a brisa, os fantasmas correm-nos pelos sentidos, como se fossem anjos da cidade dos nossos sonhos, pacíficos. mas não são. e o tempo, tanto pelo contacto quanto pelo sobressalto, demora a fazer-nos perceber esse facto. daí que seja já tarde quando ficamos cientes que as nossas mãos levam-nos pela cidadela dos nossos pesadelos, não pela cidade dos nossos sonhos.
tarnation, “like a ghost”, in mirador, warner brothers / wea, 1997.
4.6.06
xliv. crescemos sob a tutela de monstros invisíveis, os fantasmas. no entanto, momentos há em que eles adquirem uma evidência impressionante. nesse estado e nessa condição, porque em domínio e presença, manifestam-se de modo soberano, tentanto semear em nós o medo. quase nada os resolve ou afasta. por isso tenta-se o bourbon e insiste-se, por ser o único meio imediato e doméstico de lavar os fantasmas dos nossos sentidos.
gomez, “chasing ghosts with alcohol”, in how we operate, red int/red ink, 2006.
2005/2022 - constantino corbain (alguém por © sérgio faria).