22.3.09
cxxii. há quem creia que o mal chega depois, proveniente de fora, vindo dos monstros. ou seja, há quem creia que o corpo de cada um de nós é originalmente um poço do bem e que, através de um agente perverso, o mal infiltra-se como infecção na nossa carne, colonizando-a e interrompendo o seu programa benfazejo. como ilusão arrasta ilusão, quem crê assim crê também no exorcismo como dispositivo para a resolução do mal, por via da erradicação do agente maléfico. mas quem crê assim engana-se, claro está, porque, quaisquer que sejam, as orações são adorno e conforto da malícia da condição humana, não são motivo de redenção da sua banalidade ou da sua identidade.
brian eno & david byrne, “the jezebel spirit”, in my life in the bush of ghosts, sire records, 1981.
2005/2022 - constantino corbain (alguém por © sérgio faria).