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os monstros são nossos amigos

apontamentos para monstroário, por constantino corbain 

21.2.10


cxlviii. pretendia-se uma fórmula que proporcionasse a solução, paraíso ou inferno, porém, assim proposta, a solução é apenas um problema, porque a hipótese do resgate é já uma implicação do problema. para além disto não há palavra para estancar o caso, sem consequências. o combate é permanente, os anjos e os demónios espreitam e disputam sempre e sem tréguas. qual será o resultado?, ninguém sabe. a fórmula é perfeita e o problema, porque a fórmula é o problema, também. nenhuma salvação.

the heart black procession, “heaven and hell”, in six, temporary residence limited, 2009.

referência

14.2.10


cxlvii. porquê afastar os indesejados e remetê-los para o inferno?, porquê não condená-los à comodidade do paraíso? encerrá-los na inocência do tédio é mais fatal do que entregá-los ao fogo. o tédio liga lentamente à culpa, entranhando-a de um modo do qual não há remissão. a crueldade deve servir-se assim, com demora.

menomena, “rotten hell”, in friend and foe, barsuk records, 2007.

referência

7.2.10


cxlvi. para além das manobras de diversão e perdição, a vida é consumada também por manobras de salvação. porém, se todo o expediente com este sentido conduz ao fim, fazer o quê?, apelar a quem?, com que orações? os monstros não têm e não são o inferno. daí que para viver bem, em consonância consigo, cada qual precise apenas de aprender a perder. tudo.

the bastard fairies, “we’re all going to hell”, in memento mori, bastard fairy records, 2007.

referência

2005/2022 - constantino corbain (alguém por © sérgio faria).