21.3.10
cl. a paisagem é ardente, o incêndio das culpas e das falhas, junto também as labaredas de todas as inocências. na verdade é um verão como outro qualquer, do nosso contentamento ou do nosso descontentamento - sem escolha -, as mesmas almas, os mesmos corpos, as mesmas almas e os mesmos corpos aí. apenas o lugar e o combustível são diferentes, não necessariamente estranhos, chamam-se alienação e nós somos também aí, conseguimos ser também aí. o inferno é o nosso recreio, não é o nosso cárcere. o que arde?, nós, somos nós que ardemos, porque o que é quem.
grooms, “acid king of hell (guitar feelings)”, in rejoicer, death by audio records, 2009.
7.3.10
cxlix. o inferno é uma promessa infantil e juvenil, o temor proposto como morada. depois crescemos e o inferno permanece o lugar que ansiamos e rejeitamos, gerindo nós como podemos a ânsia e a rejeição, num acordo entre proximidade e distância que não é possível resolver porque, por sermos por condição irrenunciável, somos justamente o alvará do lugar em que ardemos, carne e espírito, e somos simultaneamente esse lugar e nesse lugar.
tegan and sara, “hell”, in sainthood, sire records, 2009.
ano vi
2005/2022 - constantino corbain (alguém por © sérgio faria).