20.2.11
clxxv. qualquer zombie é o mistério da relação entre a identidade e a morte, do modo como uma e outra se implicam mútua e reciprocamente. a possibilidade de ser depois da morte é excêntrica, dizem uns, é interdita, dizem outros, é impossível, dizem os restantes, alguns dos quais como lamento. compreende-se. é difícil admitir um corpo ainda impregnado de vida depois da vida, com a comoção que qualquer corpo concede e consegue.
sufjan stevens, “they are night zombies!! they are neighbors!! they have come back from de dead!! ahhh!”, in illinois, asthmatic kitty, 2005.
6.2.11
clxxiv. pergunta-se se há vida depois da morte. mais do que o desejo de imortalidade, o mistério é a ânsia de sobrevivência, o corpo posto a extensão de si, como suporte acrescentado além da vida. às vezes a morte não é o sono que começa com o fim. também há insónias. se aí os monstros ainda são nossos amigos?, sim, são, continuam a ser.
slant 6, “inzombia”, in inzombia, dischord records, 1995.
2005/2022 - constantino corbain (alguém por © sérgio faria).