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os monstros são nossos amigos

apontamentos para monstroário, por constantino corbain 

30.12.07


lxxxiv. e se, súbito, um espectro aproximar-se e relatar o que irá acontecer, desfazendo o futuro num enunciado de antecipação, o que poderá ser diferente? a história ainda continuará a ter o final feliz prometido?

regina spektor, “ghost of corporate future”, in soviet kitsch, sire records, 2004.

referência

16.12.07


lxxxiii. se os fantasmas vão?, não, os fantasmas não vão. como qualquer outro modo de monstro, o seu movimento típico é a aproximação, a vinda. é por isso que sob o domínio fantasmagórico não há hipótese de redenção ou remorso. fugir é ir ao encontro dos fantasmas.

man man, “banana ghost”, in six demon bag, ace fu records, 2006.

referência

2.12.07


lxxxii. quantas histórias?, quantas?, são necessárias até tornar-se evidente que cada fantasma é inquilino de uma alma e não um espectro ambulante, sem domicílio. quantas histórias?, quantas?, são necessárias até confirmar-se que, pela demora, fantasma e alma fundem-se, gerando uma entidade única, um prodígio, esquivo - como todos os prodígios -, simultaneamente garantia e engano. quantas histórias?, quantas?, são necessárias até sermos capazes de nos reconhecer pelo flanco fantasmagórico - que vai da condição vaga à disposição oculta -, flanco a que não podemos renunciar sem renunciarmos a nós próprios, à carne e ao espírito que, por junto, somos graciosa e desgraçadamente.

neutral milk hotel, “ghost”, in in the aeroplane over the sea, merge records, 1998.

referência

2005/2022 - constantino corbain (alguém por © sérgio faria).