28.5.06
xliii. ocasionalmente existe-nos dentro uma sombra que, como um sopro suspenso em perseguição, ocupa todo o espaço e transforma o que remanesce em penumbra. essa sombra altera-nos os regimes da fome e do sono, afecta-nos todos os sentidos, sobretudo a visão. porque essa sombra é o monstro, em fantasma, a que, à falta de rótulo mais exacto, se chama amor.
the white stripes, “little ghost”, in get behind me satan, xl, 2005.
21.5.06
xlii. às vezes são os anjos, monstros alados, que partem o céu, construindo a diferença no território, deixando de um lado, o superior, o empíreo e do outro lado, o inferior, o fosso de enxofre. e é sobre essas margens, sem as encontrar, que, depois, troa a voz dos anjos, expressão da sua condenação, da sua solidariedade, da sua partida, da sua queda.
the vetiver, “angels’ share”, in vetiver, dicristina, 2004.
14.5.06
xli. os monstros entram em nossa casa, o nosso corpo, pela infância. aí jogam a sua condição trágica, alterando-nos os sonhos, até, pelo cansaço, se embalarem e adormecerem, devolvendo-nos então o sono que, antes, pelo assombro, nos acordaram.
eric herman & the invisible band, “there’s a monster in my house”, in the kid in the mirror, butter-dog artist, 2003.
2005/2022 - constantino corbain (alguém por © sérgio faria).